No último fim-de-semana, a horta mudou-se de alfaias e bagagens do termo para o centro de Moura. Dos vergéis do vale do Brenhas para as deleitosas sombras do passeio da Praça Sacadura Cabral. Nesta sala de receber da cidade e, por estes dias, do Festival do Peixe do Rio e do Pão, a horta assentou arraiais para espalhar aromas do seu horto botânico e se dar a conhecer. Da bancada da tenda fez-se um alegrete de tomilhos, salvas, mentas, lavandas, ervas-do-caril, ervas-príncipe, ervas-cidreira e outras "herbas de virtude e formosas, odoríferas e esforçadas", que competiram, cada qual com os seus atributos, pela atenção de amigos, conhecidos e forasteiros. Algumas acabaram por rumar a outros pátios e quintais, de muito perto ou de lugares longínquos, levando com elas um pouco do nosso aprazível jardim.
«(...) Mas no recanto escolhido
Era o jardim que vinha visitar-nos
Enviando seus presentes
Nas perfumadas mãos da brisa.(...)»
Ibn Amar (séc. XI)
«(...) As flores das laranjeiras, limoeiros e cidreiras, que neste lugar há, são as mais odoríferas e esforçadas que tem todo o outro género de plantas.(...)»
António de Oliveira Cardonega, Descrição da Villa Viçosa 1640-1680.
«Em Moura, que tem uma bela praça, muito mais sala de receber do que lugar de passagem, o viajante sentiu a primeira aragem do dia.»
José Saramago, Viagem a Portugal, 1990
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